segunda-feira, 8 de setembro de 2008
terça-feira, 2 de setembro de 2008
AUTOBIOGRAFIA
AUTOBIOGRAFIA – SAGA DA FAMILIA BERTIN |
HISTÓRIA DA MINHA VIDA |
Luiz Julio Bertin |
JANEIRO DE 1934 X SETEMBRO DE 2008 |
LUIZ JULIO BERTIN – AUTOR DA AUTOBIOGRAFIA.
Eu, Luiz Júlio, filho de Elisena Fontana e Cesar de Oliveira Bertin -,
tendo percorrido quase todo o caminho da minha vida e estando perto do meu destino e a final, tendo tido filhos (seis) e plantado árvores (muitas), - escrevo este livro, sentido extrema necessidade de fazê-lo, contendo a minha biografia e que, naturalmente, envolve a minha família e a história relativa ao período vivido[4].
Como seres humanos, temos necessidade de sermos reconhecidos por nossa existência. Não importa se o que realizamos foi importante ou não. Não
importa que tenhamos apenas existido, mas sim o que realizamos e se deixamos frutos durante a vida. Como ficaria a passagem da nossa existência se os acontecimentos que envolvem uma pessoa durante a sua vida fossem ignorados pelos nossos descendentes? Todos temos uma origem e assim, existe a necessidade de se fixar um inicio, meio e fim para que ela seja preservada e ser reconhecida.Não existe o vazio, nem antes e nem depois e, o presente é o marco onde podemos estabelecer a nossa existência.
Não estou afirmando que os fatos e os acontecimentos que marcaram minha vida tenham sido importantes e que tenham influenciado significativamente com quem eu convivi a ponto de mudar o curso da história, mas, com certeza, em razão da minha existência muitas pessoas foram atingidas: esposa, filhos, netos e bisnetos, amigos e até os meus “inimigos” (se é que os tenho). Então, como deixar de registrar acontecimentos e sonegar certos fatos que, com certeza, contribuíram para a perpetuação dos meus entes queridos e a continuação da minha descendência, provocando a vida, moldando-a, revelando a saga da família para a família e deixando a minha marca e experiências enquanto vivo? Esses e mais alguns fatores que julgo importante me levaram a considerar essa necessidade.
Desde cedo a minha preocupação para com os meus semelhantes se destacava. Era espontâneo para mim, pois eu não tinha consciência dessa circunstância, por natural que era. Mas, com o transcorrer do tempo, cada vez mais, consolidou-se e passou a fazer parte da minha personalidade. Não me questionava quando prestava serviços a outras pessoas. Sentia prazer nisso. Nem sequer me passava pela cabeça quando me ocupava em prestar serviços que normalmente deveriam ser remunerados. Nem mesmo esperava ser recompensado e ou reconhecido. Bastava minha satisfação íntima. Meus esforços não esperavam remuneração financeira. Nem mesmo quando me aventurei no primeiro empreendimento e, mesmo nos posteriores.
Acostumei-me à minha família numerosa, cercado de irmãos e a conseqüente movimentação que disso resultava e que me cercava desde que tomei consciência do meu lugar no mundo. Talvez, pela inexistência de dificuldades materiais e espirituais, não sentia grandes preocupações e nunca me passou pela cabeça que, qualquer dia, viria a tê-las. Também não planejei e nem elaborei planos que me levaram a colaborar, sempre que a oportunidade se me apresentava em ajudar meus pais nas suas duras tarefas de criar-nos. Tive uma infância e uma juventude calma e sem responsabilidades. Meus pais sempre nos supriram, a meus irmãos, de qualquer necessidade que pudéssemos vir a ter. Fomos criados e educados com amor e compreensão por nossos pais que sempre nos deram educação esmerada, alimentação adequada e cuidados que naquela época, eram realmente difíceis de serem executados.
Minha mãe era uma incansável trabalhadora. Dedicou-se até o fim da sua vida para que a sua família, seu marido e filhos tivessem as melhores condições de vida. Por outro lado, enquanto meu pai labutava como provedor nas suas lutas diuturnas; ela cuidava da nossa espiritualidade, saúde física e mental, asseio e alimentação, assim como confeccionava nossas roupas e nos entretinha, orientando-nos nos nossos estudos e na nossa esmerada educação. Nunca se descuidou da nossa educação religiosa, pois, acreditava como eu acredito apenas essa condição garantiria a nossa formação moral, ética e psicológica, para que pudéssemos enfrentar nossos destinos. Sua própria educação lhe garantia conhecimento quase técnico que lhe permitiu sucesso nesse seu empreendimento. Em minha opinião, sua dedicação, amor e trabalho, foram coroados de pleno êxito.
Sem traumas, desde cedo, fui criado dentro de princípios rígidos da moral cristã católica imposta sutilmente pela minha mãe, que, além de se preocupar com a responsabilidade em atender o marido e aos filhos, estendia sua preocupação aos seus semelhantes, dedicando-se às obras assistenciais existentes na paróquia de Santa Terezinha a que pertencia, enquanto em Joaçaba. Fazia parte dos movimentos da Igreja, principalmente das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, entidade a que fez parte, assiduamente, até o fim da sua vida. À minha maneira de ser, acredito, deve ter sido proveniente daquela formação cultural e educacional da sua ascendência italiana, da qual minha mãe descendia e, da parte do meu pai, embora que, com sua formação não tão religiosa a francês-gaúcha e militar. Além disso, ambos tiveram uma educação esmerada; minha mãe, influenciada pela família e pelos educandários que freqüentou (dirigidos por irmãs religiosas especialistas em educação; das Irmãzinhas do Colégio Cristo Rei, no Herval D´oeste) e, o meu pai, com a sua excelente formação escolar do Colégio Elementar, único colégio que na época ministrava ensino básico, até o oitavo ou nono graus, que correspondem hoje aos do nosso ensino fundamental. Além disso, sofrera influencia familiar européia à francesa e portuguesa[5], influenciado ainda, pelo seu contato no meio político, social e do rigor da formação cívico militar.
Retornando ao “fio da meada”, nunca tomei aquela preocupação a que me referi acima como um ônus, mas sim naturalmente, por ter se tornado um hábito: Servir aos outros sempre me proporcionou muita satisfação e paz de espírito. Sempre me senti bem em ajudar pessoas e entidades.
Assim, toda a minha atenção voltava-se para minha mãe, pai, amigos, esposa, filhos, netos, bisneto, parentes, amigos, enfim, a comunidade. É uma coisa que sempre esteve em mim, essa preocupação pelos meus semelhantes e a responsabilidade pelo futuro da raça humana e, assim, continua até hoje. E não pensem que estou requisitando méritos e reconhecimento. Continue lendo esta autobiografia, que você verá que nas minhas afirmações não existem exageros.
Estando perto da reta final desta jornada, fui tentado constantemente a me perguntar se valeu à pena ter vivido e se após toda essa luta pela sobrevivência, alguém levaria em consideração a minha existência, o meu esforço, a minha preocupação e... A resposta? É não. Com certeza é não! Entretanto, essa não foi a principal razão que me levou a fazer este registro.
Sempre me senti assim. Sempre procurei algo mais: Toda a minha vida transcorreu na expectativa de que algo muito grande, muito formidável, muito extraordinário fosse acontecer. Assim como embarcar numa potente e extraordinária nave espacial e sair por esse universo afora para desvendar os seus segredos. Conseguindo, assim, poderes extraordinários, imortalidade e muita riqueza para que pudesse - sem falsa modéstia - ajudar as pessoas mais necessitadas. Não se trata apenas de um sonho, não se trata de coisa miúda, mas sim de ter poder sempre disponível o necessário para auxiliar e tirar todos da situação de pobreza física e moral em que a maioria é colocada. No fim, aguardando o momento inevitável da morte, eu poderia me perguntar se viver realmente valeu à pena!
Não me preocupo ser tomado como um “sonhador”, o sonho faz parte da natureza humana e é o que torna a vida interessante. E a perspectiva do futuro, então, torna-a mais emocionante.
Eu, realmente sempre tive toda essa preocupação. Após a minha modesta passagem por este mundo, no meu estágio terrestre, a minha existência e os meus atos só seriam conhecidos e levados em consideração se estivessem registrados de alguma forma. E, a única forma de isso acontecer, é manter através dos registros dos acontecimentos, os fatos, que necessariamente devem ficar gravados nesta autobiografia, nada mais. Passamos por este mundo praticamente anônimo e eu, da minha parte, quero deixar alguma marca, algum vestígio da minha passagem. Recuso-me a simplesmente desaparecer. Também por que, à medida que os anos vão se somando à nossa existência, tudo parece que se torna urgente. Parece que não temos mais tempo para nada.
O leitor me considerará narcisista? Egoísta? Ora, que bobagem...
Toda autobiografia é composta de realizações, sonhos, verdades, e um pouco de inverdades que são necessárias, às vezes nem tanto.
Por isso, o leitor fica avisado desde já. Procurarei expor os acontecimentos tão fiéis quanto possíveis, o mais próximo da realidade, sem que isso contenha a intenção deliberada de torcer os fatos ou de modificar a historia. Isso obrigará o leitor mais ou menos atento a procurar interpretar algumas situações à sua maneira. Alguns relatos poderão conter algumas sugestões ou insinuações que exigirá do leitor um exercício de imaginação mais ou menos fértil e sutil e outras poderão parecer incógnitas ou de difícil dedução. O que não deverá preocupá-lo, pois procurarei, na medida do possível, mantê-lo informado.
Todos os fatos ocorridos desde o meu nascimento serão aqui expostos à medida que me ocorrerem, sem nenhuma intenção de distorcê-los, a não ser aqueles necessários para tornar à narrativa não só a mais atraente possível, mas, também, a mais fiel. A vida intima de qualquer personagem não será exposta, mas, como autor, em alguns momentos, tentarei expor fatos que considerar necessários, em razão da transparência e da verdade. Quando os fatos se relacionarem exclusivamente a mim, procurarei ser o mais fiel na minha narrativa, mas, quando outras pessoas estiverem envolvidas, deverei ser o mais discreto possível. E se porventura, outra ou outras pessoas forem citadas e que se relacionaram comigo, espero ser perdoado por elas pela transparência com que exponho a verdade.
Narcisismo ou valor histórico
Quando me passava pela cabeça que a minha existência seria ignorada pelos meus descendentes depois que tivesse encerrado meu estágio neste mundo, arrepiava-me. Se tal acontecesse, isso significaria morrer duas vezes. O efeito seria o mesmo que registrar em um livro a fórmula de todos os fatos acumulados durante a vida e depois rasgá-lo lançando-o à fogueira para que se queimasse. E para concluir meus sentimentos a respeito disso, sempre acreditei que a história é essencial para o aperfeiçoamento do ser humano e a base necessária com que se constrói a humanidade, uma civilização. Faltando essas bases, nada poderia se sustentar e às pessoas faltariam a essência, a substancia da razão de viver. Que inutilidade seria nossa existência neste mundo.
Sem história nada existe, pois o passado e o presente é que nos garantem o futuro. E é por isso que resolvi escrever este livro, para tentar construir a minha história particular e a história da minha família. Plantar e cultivar a arvore genealógica da família até onde for possível para que, como fonte de informações, ela possa garantir um alicerce sólido, sobre a qual os Bertin tenham consciência de onde vieram e para onde vão. Apoiar-se-ão em suas próprias bases, entre outras. Além da minha memória, que já não é a mesma de tempos idos, conto com os recursos incríveis da internet e a boa vontade dos meus familiares, parentes e amigos. Conseqüentemente, ao contar a minha história, naturalmente, estarão inclusas as da minha família e de alguns amigos mais chegados.
Confesso que a tendência como autor é destacar somente as coisas que me darão valor moral e, conseqüentemente e convenientemente, “esquecer” as atitudes que poderia desfazer a pureza da imagem ao longo de minha vida. Procurarei evitar que isso aconteça, mas, quase com certeza não conseguirei, pois, nas minhas leituras sobre o assunto, não conheci nenhum autor auto-biografado que tenha conseguido chegar ao fim com sucesso.
No inicio, não revelei esse meu plano a ninguém. Quando revelei, a minha esposa nada comentou e não mostrou interesse, mas, mais tarde, jocosamente comentou na presença dos sócios amigos do seu escritório a minha tentativa literária e inútil. Isso, de certa forma, “jogou lenha na fogueira”.
Dos meus filhos, somente Julio César se mostrou aberto ao dialogo e, até chegou complacente e pacientemente deixar que eu lesse para ele alguns trechos do trabalho em franco andamento que já se fazia substancial.
Não consultei Mario Cezar, pois ele estava na dele, em preparação para enfrentar e se aperfeiçoar seu estudo de Física Teórica, concluindo o Mestrado e se preparando para prosseguir com seu Doutorado lá em São Paulo, após sua conclusão no curso de Física na UEM.
E a Tainã? Ela, também se encontrava ausente, tentando prosseguir no estudo do seu demorado segundo grau e no seu sonho de jogadora de Basquete, lá, naquela terra maravilhosa e abençoada por Deus e pela natureza; Florianópolis, Santa Catarina[6].
Restaram o Juliano, Felipe e a Daniela, filhos do meu primeiro casamento. Juliano não se manifestou claramente; Felipe por ausente ignora essa minha tentativa, restando Daniela, que naturalmente, foi a que mais se interessou, embora tenha se reservado nos seus comentários. Quanto aos meus irmãos e demais parentes, nenhuma manifestação, apesar de ter chegado ao ponto de quase implorar qualquer sugestão. O diálogo entre os membros da família anda difícil hoje em dia. Fica mais fácil com os amigos e mesmo entre estranhos.
Mas, mesmo nessa aparente omissão voluntária ou involuntária, tenho que agradecer à minha família, pois, se não me estimularam, pelo menos não tentaram nem ao menos dar sugestões, diretas ou indiretas, numa completa ausência de outros comentários sobre este livro que eu tive a coragem de escrever.
Pode ser que no decorrer do tempo eles acabem por se acostumar com a idéia e comentem algo como: “Tanta gente importante que deveria fazer autobiografia e não o faz. E você vai fazer, por quê?” Por isso, devo agradecê-los, porque isso me deu tempo de dedicar-me à obra, sem que tivessem exercido qualquer tipo de influencia sobre a minha decisão.
Mas, comentei a minha tentativa a alguns amigos que se não foram totalmente céticos, ao menos não fizeram comentários jocosos. O meu amigo Reginaldo Farias, (à época secretário do Prefeito José Cláudio), que é professor e excelente escritor, experiente, ao tomar conhecimento da minha primeira experiência como escritor, ofereceu-me alguns conselhos que eu achei valiosos e os segui sem muito rigor, mas que me foram muito úteis.
Mas, um dos meus amigos que não agüentou e não deixou por menos, comentou: “Eu gostaria de ter tanto tempo como você, que pode gastá-lo até em autobiografia”.
Achei o comentário pouco inteligente e resolvi “fincar pé”; decidi que não seria perda de tempo e que nada perderia com o tempo gasto com o livro - que provavelmente não será lido nem por meus familiares – e me dedicaria, pelo menos, com alguns minutos do dia, a escrevê-lo.
Durante algum tempo, por meses, adotei esse método de escrever diariamente, mesmo que fosse por alguns minutos de trabalho. Mas, infelizmente, nem sempre me foi possível encontrar tempo e disposição para dar prosseguimento a este livro. Assim, escrevi-o intempestivamente, à noite, logo ao chegar a casa, em fins de semana ou em feriados prolongados, ou quando estivesse sem vontade de assistir um bom filme ou uma navegada na internet, ou, ainda, quando estivesse com todo o tempo do mundo e nenhum compromisso com os meus familiares e amigos.
Síntese?
Não terei preocupação com a síntese desta autobiografia, ao contrário, direi tudo o que vier na minha cabeça, porque isto não é um romance ou uma ficção que eu tencione editar e torná-lo vendável. Mesmo porque, essa não é a minha intenção, pois, como já destaquei, muitas situações aqui colocadas poderão causar transtorno a pessoas aqui citadas o que, por exercício de imaginação de outras, certamente acharão cabeças para colocar carapuças.
E eu só gostaria de vê-lo publicado entre os membros da minha família a as respectivas gerações futuras.
Entretanto, ela contém fatos históricos e casos interessantes, informando detalhadamente certos fatos e verdades que não costumam ser publicados e, por isso, perderiam os meus amigos e inimigos informações importantes da historia de uma região e dos locais onde vivi e participei ativamente, caso não tomem conhecimento.
Muitas revelações, muitos acontecimentos e “segredos” estarão sendo aqui veiculados. Muitas intimidades virão à tona e isso me causa certa dificuldade e será muito difícil, pois eu não gostaria de magoar ninguém.
Insisto, este perfil autobiográfico se destina, na prática, apenas ao meu círculo familiar, meus descendentes, diretos e indiretos, que, suponho, gostarão de saber sobre os antepassados comuns, tal como eu teria e leria com muito prazer qualquer biografia ou autobiografia que algum ancestral ou parente meu tivesse escrito.
E também porque entendo que este livro com valor histórico restrito, poderá, também, servir como base de estudo dos determinados incidentes aqui constantes.
Terá interesse em lê-lo, também, quem desejar estudar a história registrada por um leigo como eu, história no período de tempo da minha vida percorrendo em suas imaginações as informações que estarei disponibilizando envolvendo minha ativa participação por onde passei, o que incluem as cidades de Joaçaba (Cruzeiro do Sul), Luzerna (Bom Retiro de Campos Novos), Concórdia, Cornélio Procópio, Londrina, Paranavaí, Maringá...
Poderá também ter interesse quem desejar estudar e conhecer certos detalhes do sindicalismo urbano patronal regional nos tempos da ditadura militar e depois, pois atuei diuturnamente nessa área desde 1973 por mais de 25 anos.
E os fofoqueiros? A estes, que doentiamente sobrevivem das fofocas, também este livro poderá servir de fonte de pesquisa e satisfação.
Fora essas pessoas, somente um ou outro "sádico/masoquista" poderá se interessar por sua leitura.
Mas, vamos aos fatos:
Luiz Julio Bertin - Nesta foto, eu tinha três meses de idade.
Foto da minha primeira comunhão em 1941.
Eu, 72 anos depois.
Nasci em nove de janeiro de 1934[7]. A cidade portava então o nome de Cruzeiro do Sul (hoje, Joaçaba) que me viu nascer. O próprio dono do Cartório assinou como uma das testemunhas, a seu pedido, pois era muito amigo do meu pai. Naquele ano recebi o numero o numero do meu registro levou o numero 13. - Meu pai foi quem me registrou no Cartório de Registro Civil a 18 de janeiro de 1934[8].
Fui batizado na Paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus (Frei Pio era o vigário geral e a Diocese pertencia a Lages, Estado de Santa Catarina) pelo Vigário Frei Caetano no dia 23 de janeiro de 1934 no livro n° 3 de assentamento de batismo, às fls. 123. Meus padrinhos foram Antonio Tonin (meu Tio) e Thereza Fontana (minha avó).
Ali vivi parte da minha infância até que minha família decidiu se mudar para o Norte do Paraná - primeiramente Cornélio Procópio, depois Londrina e, mais tarde, somente eu..., para Maringá.
Em Cornélio dei seqüência aos meus estudos, mas também me iniciei como comerciante, namorei firme o meu primeiro amor[9], iniciei-me, ensaiando os primeiros passos no jornalismo, mudei-me para Londrina quando estava completando 14 anos de idade, tentei continuar os estudos, sem sucesso, mas também me dediquei ao comércio e à tendência já demonstrada em Cornélio, procurando trabalhar na imprensa escrita e falada e após algumas peripécias, prestei concurso para Agente de Estatística do IBGE (Agencia Brasileira de Geografia e Estatística), isso já no ano de 1955.
Admitido e nomeado prestei serviço na Agencia de Londrina, por algum tempo, mas, no ano seguinte, fui transferido como Agente, para a cidade de Paranavaí. Em fins de 1957, após pedir demissão do IBGE, voltei para Londrina, para fundar com meu pai, mãe e irmãos a empresa familiar “Decorações Bertin Ltda.” e acabei me casando e tendo três filhos e mudando-me para Maringá onde me divorciei, casando-me novamente, tendo mais três filhos e, onde resido até hoje.
De janeiro de 1934 até junho de 1947, fase de Joaçaba; compreendendo o meu nascimento, a meninice, primeiros estudos; 1947-48, e daí, minha fase de Cornélio Procópio, onde, praticamente minha vocação para o comércio ficou definida, com incursões na área da imprensa escrita e a minha primeira namorada Carmem; fase de Londrina, 1948, para onde me mudei, naturalmente com a família, onde, por insistência do meu pai, por um curto período trabalhei como empregado na firma comercial dos Irmãos Fuganti, e, mais tarde como funcionário da Farmácia Minerva e, embalador de pó de café na Torrefação e Moagem Fontana, do meu primo Domingos Fontana.
Comecei a me interessar no que o meu pai melhor sabia fazer, tapeçaria; não sem antes, relacionar-me com os jornalistas e radialistas da época. Um concurso público que me fez incursionar no funcionalismo público federal, minha nomeação para o IBGE e a minha ida para Paranavaí; fundação e inicio da empresa familiar “Decorações Bertin” e a sociedade com meus pais e irmãos; meu casamento e minha mudança para Maringá para criar filial da firma; meu divórcio; meu segundo casamento; minha atividade social e política; tudo isso, estarei mais abaixo tentando descrever detalhadamente e da melhor forma possível, apresentando os assuntos em forma de capítulos intitulados por títulos específicos que indicam cada faze da minha vida.
Como o leitor deve ter percebido, nesta introdução, acabei fazendo uma síntese das minhas atividades, quando inicialmente me propunha tão somente a contar a minha história e a história da minha família, partindo do começo e terminando no fim.
Por isso, esta na hora de iniciar já e cumprir o prometido.
A fim de facilitar os eventuais leitores, adotarei títulos que valerão como capítulos que marcarão etapas da minha vida, tais como: Meus ancestrais; minhas viagens, meus amigos, minha vida no comércio, etc. ...
[1] Miguel de Cervantes Saavedra, 1547-1616 – dispensa comentários.
[2] Mademoiselle Bertin (Rose Bertin) foi uma estilista francesa que introduziu novidades da moda do seu tempo, cuja historia se encontra inserida nesta biografia, por pertencer à família..
[3] Mário Quintana, poeta gaúcho.
[4] Quando resolvi escrever este livro, a primeira coisa que me passou pela cabeça foi que eu não possuía nenhuma experiência redacional suficiente para enfrentar esta jornada. Percorreu-me um calafrio pela espinha. Isso atrasou meu plano de escrever minha história pessoal por algum tempo, mas, transcorrido dois anos, já “curtido” e convencido dessa necessidade, percorrendo e pesquisando antes diversos autores autobiografados, convenci-me que deveria iniciá-la, mesmo correndo o risco de um fracasso literário. A final, desde que colocasse nas suas linhas, acontecimentos e fatos sem a beleza que se espera dos grandes autores, pelo menos, deveria contar a história com detalhes suficientes que informassem com honestidade e precisão todos os fatos essenciais que pudessem dar, mesmo que fosse uma leve idéia do que foi minha vida e a saga da família.
[5] Meus pais eram portadores de uma carga cultural européia, sempre influenciada pela religiosidade católica, característica que predominou na minha família em todos os seus membros no passado e no presente.
[6] Essas anotações foram feitas naquela ocasião. Hoje ela já freqüenta o seu estudo superior.
[7] Ano em que surgiu a Carta Magna de 1934, reformando profundamente a organização da República velha, realizando mudanças progressistas, inovadoras, mas durou pouco, pois em 1937 uma constituição já pronta, foi outorgada por Getúlio Dorneles Vargas que o transformou em ditador e o Estado "revolucionário", em Ditadura. Nesse ano, a Copa do Mundo foi a primeira na qual os países tiveram que se classificar na disputa das Eliminatórias para poder participar. O Mundial de 1934 teve interesses políticos em jogo: o regime fascista subjugava a Itália e o ditador Benito Mussoline planejou transformar o evento numa espécie de propaganda pró-regime. A influência indiscutível de Mussolini se impôs em diversos aspectos, como por exemplo, a escolha pré-determinada de árbitros "suspeitos" nas partidas da anfitriã Itália. Mas foi também em janeiro desse ano que Adolf Hitler, discursando, entre tantas frases de efeito, pronunciou uma que é utilizada até hoje na política brasileira com a maior eficiência: “Quanto maior a mentira mais pessoas acreditarão nela”.
[8] Consta do Registro: Nascimento n° 13-fls. 88V, livro 6 de rg. de nascimento consta o assento de Luiz Julio nascido aos 09-01-1934, às 20 horas e 30 minutos com domicilio nesta Vila, do sexo masculino, de côr branca, filho de Cesar de Oliveira Bertin, do comercio, natural do Rio Grande do Sul, e de Da. Elisena Fontana Bertin, domestica, natural do Rio Grande do Sul, sendo avós paternos Julio Emilio Bertin e Da. Laurentina de Oliveira Bertin e maternos Romano Fontana e Thereza Fontana. Foi declarante o pai em data de 18 de janeiro de 1934 e serviram como testemunhas, Genésio Paz e Oscar Bitencourt. Observações: Os pais do registrado são casados neste Cartório.
[9] Chamava-se Carmem.